Como dividir e replantar orquídeas
Multiplicar as próprias orquídeas é o desejo de todo
jardineiro aplicado. Elas crescem devagar e é muito difícil multiplicá-las por
sementes, o que torna a tarefa de dividi-las um verdadeiro acontecimento que,
se cercado dos cuidados necessários, resultará em belas e saudáveis orquídeas.
Tenha em mente que a divisão somente é possível nas
orquídeas com crescimento simpodial, como catléias e laelias, e de orquídeas
cespitosas como cimbídios e dendróbios. Plantas com crescimento monopodial, como
vandas e falenópsis são um pouco mais complicadas de multiplicar por divisão e
exigem muita experiência e um tanto de sorte.
Em primeiro lugar, saiba que o cuidado mais importante ao se
dividir uma orquídea é verificar se está no momento certo para isso. Se
dividida antes do tempo, na ânsia de se obter novas orquídeas rapidamente,
corre-se o risco de atrasar a floração, ou pior, deixar a planta fraca e
suscetível as doenças. Esse é um erro frequente dos iniciantes na orquidofilia,
eu mesma cometi esse erro no começo, retrocedendo diversas orquídeas adultas
para o estágio de seedlings.
O fato de sua orquídea não estar cabendo mais no vaso, não é
motivo para divisão. Neste caso, o simples replantio resolve. Então, como saber
o momento de dividir? Conte os pseudobulbos. A planta deve ter pelo menos três
pseudobulbos bem desenvolvidos, e ao menos dois brotos guias bem separados, de
forma que cada nova muda tenha três pseudobulbos e uma guia (eu particularmente
prefiro deixar quatro pseudobulbos em cada nova muda – deve ser trauma). Ahhh…
entendi, mas e se sobrar dois pseudobulbos posso fazer uma nova muda? Não!
Corte a orquídea de forma que estes pseudobulbos acompanhem as novas mudas
formadas. Resista a tentação de uma mudinha “extra”, definitivamente não vale à
pena.
Se minha orquídea nunca floresceu posso dividir? Até pode,
mas não recomendo. Uma orquídea com tantos pseudobulbos e que ainda não
floresceu pode estar com problemas, geralmente falta de luminosidade ou
fertilizante. A floração é a garantia de que sua planta está adulta e saudável.
Portanto esperar ela alcançar este estágio é como um teste
de suas habilidades com orquídeas. E você só pode passar para a próxima fase
após completar a anterior.
Posso dividir em qualquer momento do ano? Pode sim! Vai
depender mais da espécie de orquídea do que da sua vontade. Quando ela estiver
começando a emitir novas raízes (aquelas com as pontinhas verdes) somente então
será o momento ideal, seja inverno ou verão. Isso geralmente ocorre logo após a
floração.
Pegue uma tesoura ou faca bem afiados, esterilize em água
clorada, álcool ou calor e comece por remover os pseudobulbos secos, murchos ou
doentes. Preserve o máximo de raízes possível, mas não deixe de cortar as
raízes secas e mortas. Esterilize os instrumentos a cada orquídea, evitando
assim a transmissão de eventuais doenças entre elas. Não é necessário remover
todo o substrato velho que estiver emaranhado nas raízes, remova apenas o
excesso e o que estiver mais fácil. Aliás, quanto menos as raízes forem
manipuladas melhor, pois elas se quebram com muita facilidade. Limpe a orquídea
com uma escova bem macia, sabão neutro e sob água corrente, mas somente se ela
estiver muito suja ou infestada com pragas, como cochonilhas por exemplo.
O vaso pode ser de qualquer material, mas é primordial que
seja bem drenável, com furos grandes na base e se possível nas laterais. Vasos
de cerâmica costumam ser os mais indicados, por serem mais frescos, ventilados
e duráveis, mas atualmente até garrafas pet podem ser utilizadas com sucesso.
Esqueça o pratinho, ele é totalmente contraindicado no cultivo de orquídeas.
A escolha do substrato deve levar em consideração a espécie
de orquídea e a disponibilidade de material na sua região. Você pode usar
materiais como pedra britada, cacos de cerâmica, fibra de coco, argila expandida,
carvão vegetal, casca de coco, casca de pinus, esfagno, caroços de coquinhos
(de palmeiras como açaí, butiá), sabugo de milho, casca de arroz carbonizada,
etc. Eu gosto de juntar ramos secos finos que caem no jardim, ou devido à poda
das árvores, picá-los em pedaços com 1 a 3 cm de diâmetro. Obtenho assim um
substrato natural, barato e bem próximo do que as orquídeas epífitas apreciam.
A mistura de materiais é uma boa pedida para equilibrar a capacidade de
retenção de água com a drenagem. Alguns retém muita água, enquanto outros
praticamente nada. Case a espécie de orquídea com a frequência das regas e
descubra o que funciona melhor para você. Não esqueça que orquídeas rupícolas e
terrestres pedem substratos apropriados ao seu habitat.
Com suas mudas já devidamente limpas e separadas proceda o
envase. Aqui vem as dicas para o replante também. Sempre coloque a ponta do
rizoma mais antigo o mais próximo possível da parede do vaso. Assim sobra mais
espaço para a guia crescer e se desenvolver. O rizoma deve ser sobreposto ao
substrato e jamais ser enterrado. Essa tarefa é um tanto árdua, pois a orquídea
tende a ficar completamente solta no vaso. A tentação de enterrar um pouquinho
é forte! Mas resista, pegue barbante e tutores de bambú, madeira, arame ou plástico
e vá amarrando sua orquídea ao tutor. Cuidado para não apertar demais. Se
possível amarre o rizoma ao vaso, pois também ajuda.
Fique de olho na nova muda. Folhas amareladas indicam sol em
excesso, e folhas verde-escuras demais, indicam sombra demais. Regue
normalmente, o enraizamento é um tanto lento e há que se ter paciência. Boa
Sorte nas suas multiplicações!
Fonte: www.jardineiro.net
Publicado em 16 de julho de 2013 por Raquel Patro